Você compra apenas o que precisa?

Qual o papel das emoções nas compras? 

Sabemos que as emoções norteiam as relações que estabelecemos com o mundo, com os familiares, amigos, mas não somente isso. As nossas emoções também são relevantes quando o tema é necessidade e tomada de decisão de compra. 

Neste sentido compramos muito além do que precisamos. Compramos por status social, por carência, por insegurança, por medo ou até por vício. 

Este tema é tão relevante que as empresas e grandes marcas investem muito dinheiro para estudar e influenciar o seu público alvo. Até aqui tudo bem, não temos a pretensão de colocar o marketing como vilão. A nossa pretensão aqui como psicólogos é colocar uma reflexão sobre desejo, necessidade e compulsão. 

Afinal o que é o desejo que nos move rumo a decisão da compra de algo? 

“O desejo é um sentimento de apetência resultante da reativação da memória da satisfação já experimentada anteriormente. O desejo é, portanto, sempre secundário, sendo possível apenas depois de uma primeira experiência de satisfação.” 

E a necessidade? 

A necessidade é aquilo que é estritamente necessário, ou seja, que é indispensável, que é útil, que não se pode deixar de ter naquele exato momento. 

E a compulsão, o que é? 

“É um transtorno emocional caracterizado por hábitos específicos, que são repetidos excessivamente pelo indivíduo compulsivo. A repetição acontece até mesmo quando a ação é inconveniente e traz prejuízos à pessoa. Quem sofre desse transtorno desenvolve um mecanismo inconsciente para obter alívio ou prazer imediato”

Qual a relação entre desejo, necessidade e compulsão? 

O desejo é algo da ordem emocional, mas com controle. Ele não deve deixar a pessoa e seus familiares em situação de descontrole financeiro e nem deve ser permeado pelo excesso. 

A necessidade é mais da ordem racional, que pode ser atravessada pelo emocional, mas ela é mais permeada pela responsabilidade e controle financeiro e emocional.

Já a compulsão é totalmente emocional, sem espaço para a racionalidade na tomada de decisão. É um ato impulsivo, que gera culpa e desorganização financeira na pessoa que tem o transtorno e muitas vezes até em quem convive diretamente com ela. 

O prazer imediato e o comportamento impulsivo é o que guia as decisões da pessoa, e é neste ponto que entram as grandes campanhas de marketing, pois essa pessoa compra sem pensar, é guiada pela impulsividade. Deste modo se essa pessoa entra no algoritmo de marcas, ela será impactada o tempo todo pelos anúncios e isso pode levá-la a ruína e ao endividamento. 

As campanhas de marketing impactam pessoas com transtornos e sem transtornos, mas eles não tem ainda um método que filtre pessoas com transtornos com tanta precisão, deixando a responsabilidade do comportamento de compra para as pessoas.

Oniomania, o que é? 

Oniomania é o nome deste transtorno: “Comprar coisas por impulso, sem necessidade alguma, pode ser sinal de oniomania. A certeza desse transtorno compulsivo é quando a pessoa não resiste à pressão da compra, o que a leva a ter prejuízos financeiros e a se sentir culpada.”

Quando eu devo me preocupar com o excesso de compras?

Quando existir uma “preocupação excessiva, perda de controle sobre o ato de comprar; aumento progressivo do volume de compras; tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras; comprar para lidar com angústias ou outra emoção negativa; mentiras para encobrir o descontrole com compras; prejuízos nos âmbitos social, profissional e familiar; problemas financeiros causados por compras. Essas são as principais características de indivíduos que apresentam o transtorno de compra compulsiva – a chamada oniomania, palavra derivada dos termos gregos oné (a compra, a aquisição) e manía (a insânia, a fúria).”

Há tratamento para o transtorno?

Há sim, com bom prognóstico. A pessoa deve ser acompanhada por um psiquiatra para receber suporte farmacológico, acompanhamento terapêutico com um psicólogo para ressignificar a ideia de recompensa emocional e desenvolver capacidade de suportar a frustação de não comprar algo para se sentir amada, interessante, aceita ou pertencer a algum grupo.

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