A DOR DE VIVER AS VOLTAS COM A PROIBIÇÃO, A PUNIÇÃO E O DESCONTROLE ALIMENTAR
Só quem entende que sente…
“ Mari está sozinha diante da porta do elevador. O botão redondo iluminado, indicando sua chamada, lembra o biscoito de nata que ela deixou de comer no café da manhã.
Mari está de dieta.
Aliás, sempre esteve. Não consegue lembrar o dia em que as palavras “dieta” e “comida” não fizessem parte de sua vida, em uma luta constante turbulenta. Como uma tempestade no mar.”
Trecho do Livro – E foram magros e felizes para sempre – Elisabeth Wajnryt
Esse trecho nos dá a exata dimensão dessa relação com a comida; turbulenta, angustiante e uma eterna batalha….
Eu friso em meus atendimentos e nos artigos que escrevo, que só quem vive um transtorno alimentar, entende o cansaço e a dor de viver as voltas com a proibição, a punição e o descontrole alimentar.
A alimentação não reflete apenas uma necessidade fisiológica, está profundamente ligada às questões emocionais, marcadas por diferenças culturais, aspectos econômicos e democráticos, mas circunda o mesmo significado, comida- afeto- emoções.
A queixa de quem sofre um transtorno alimentar está ligada a autoimagem, a obesidade e ao fracasso…
ANSIEDADE PRAZER E CULPA NOS TRANSTRONOS ALIMENTARES
Posso descrever três sentimentos “mestres” dentro do ciclo da alimentação punitiva, descontrolada: Ansiedade- prazer-culpa.
A Ansiedade é cercada pela impulsividade, a completa inabilidade de resistir ou raciocinar diante do problema, e encontrar na comida o escape, o prazer imediato, que aplaca todo esse impulso, mas acompanhada quase que instantaneamente pela culpa , pois remete ao fracasso e a imagem do corpo gordo, feio, inadequado….
Essa descrição se aplica perfeitamente aos casos de Bulimia e Compulsão alimentar, onde há uma relação de quase vicio a esse ciclo, mas com a diferença da punição expurgativa no caso da Bulimia.
O desprezo pelo corpo gordo, a ligação de afetos negativos ao peso, são fortes e intensos, ligados a uma distorção da autoimagem, que nos trazem o terceiro transtorno, a anorexia… cria-se uma obsessão pelo corpo magro, mas uma enorme incapacidade de auto avaliação, e e percepção de si.
Em um mundo onde é cada vez mais exigido corpos belos, vidas perfeitas, empregos extraordinários, fica realmente complicado lidar com a liberdade de ser quem é…
Mas é exatamente esse o caminho a percorrer… não é sobre a comida, de fato, é sobre como nos vemos, e como reagimos e valorizamos a comida, e nosso corpo…
Dieta não emagrece quem tem transtorno alimentar, medicação cara da moda, não emagrece quem sofre de distorção de imagem e ansiedade… A busca é pela relação consigo mesmo, o autoconhecimento, a permissão para errar, falhar, a permissão para sentir prazer ao comer, a permissão para fazer escolhas.. e a desmistificação da comida como vilã….
DIAGNÓSTICO
Os transtornos alimentares são diagnosticados com base em sinais, sintomas e hábitos alimentares. Pode ser realizado através de exames clínicos, por médicos, psicólogos e nutricionistas.
TRATAMENTO
O tratamento de um transtorno alimentar geralmente inclui uma equipe multidisciplinar: profissionais de saúde mental (Falar com especialista ) e nutricionistas com experiência e especializações em transtornos alimentares. Inclui educação nutricional, psicoterapia e medicamentos.
QUAL O PAPEL DO PSICÓLOGO NO TRATAMENTO DOS TRANTORNOS ALIMENTARES?
O apoio terapêutico proporciona o entendimento sobre a relação estabelecida pelo paciente com a comida, ajuda na identificação das emoções e dos gatilhos relacionados ao transtorno alimentar, atua também nos sentimentos de culpa, que afetam o autoamor e a autoaceitação.
A psicoterapia no tratamento dos transtornos alimentares tem um papel importante na construção de novos caminhos que promovem junto ao paciente a adesão ao tratamento, melhorando a relação com a imagem corporal e trabalhando o controle dos episódios de compulsão alimentar. Para agendar um atendimento com a psicóloga Patrícia, clique aqui e fale direto no whatsapp.
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