Psicólogos e psiquiatras discordam sobre a condição mental de Suzane, que tramou o assassinato dos pais em 2022. Na época do julgamento do crime, que chocou o país e que ao mesmo tempo gerou grande expectativa em como seria a pena de Suzane. Alguns profissionais da psiquiatria e da psicologia acreditavam em arrependimento, outros afirmavam que ela se apresentava como uma pessoa dissimulada e que poderia comover as pessoas, convencendo-as de que estaria sob efeito de drogas, que teria sido convencida pelo namorado e cunhado, ou que teria algum quadro de transtorno mental.
O caso da família Richthofen reaparece com frequência na mídia, e várias especulações sobre o estado mental de Suzane são novamente pauta de discussões entre o público em geral e profissionais da área da saúde mental. Em 2009 e em 2018 foram solicitadas novas avaliações psicológicas de Suzane para pedido de progressão da pena. O resultado do exame psicológico serviu de base para a Justiça tomar uma decisão. “Suzane, arrependida ou não, ainda deve ficar mais tempo na cadeia, longe do convívio social. Na decisão, de outubro deste ano, disponível na íntegra na internet, a juíza Sueli Armani cita as principais conclusões do exame, como a facilidade que Suzane tem de perder o controle emocional.”
Resultados de 2009
“A sentença afirma que a aparente fragilidade da jovem constitui flagrante dissimulação e que o bom comportamento na cadeia pode ser intencional, por conveniências próprias, visando à obtenção de benefícios. A juíza negou a concessão do regime semiaberto à Suzane Richthofen, ou seja, ela vai continuar presa.”
O professor de criminologia da USP acredita que um dia a presa pode até ter uma vida normal, fora da cadeia. “Se ela tiver uma boa assistência terapêutica, acho que tem condições de um dia voltar mais consciente, mais segura, mais resistente à frustração”, aposta Sá. ”
Resultados de 2018
Solicitação de novos testes para dar aval à soltura de Suzane Richthofen
Laudo feito por psicóloga não identificada foi enviado ao MP, que deu parecer contrário ao pedido de regime aberto. Suzane foi condenada a 39 anos de prisão pela morte dos pais e está presa há 16, com solicitação de pedido de progressão para o regime aberto da detenta.
A nova avaliação foi realizada através do uso da técnica projetiva de nome Rorschach, que indicou que Suzane condenada pela morte dos pais a 39 anos de reclusão, é egocêntrica, narcisista e influenciável para condutas violentas.
O teste de Rorschach apresenta a capacidade de captar elementos e traços da personalidade profundos dos avaliados, oferecendo possibilidades de identificação de risco para o convívio em sociedade
O resultado do teste mostrou que o comportamento de Suzane representa risco potencial à sociedade por causa da dificuldade que ela tem de avaliar o resultado de seus atos, corroborando com os registros de choro apenas quando soube da condenação, não havendo registros ou relatos de choros nos depoimentos de confissão.
Rorschach: Teste utilizado na avaliação
“O principal objetivo do Teste é fornecer informações sobre variações cognitivas e de personalidade. Ele ajuda a identificar motivações, tendências responsivas, operações cognitivas, afetividade e percepções pessoais e interpessoais.
Trata-se de um teste projetivo, ou seja, uma abordagem que se baseia na hipótese projetiva, em que a pessoa examinada procura organizar uma informação ambígua, projetando aspectos de sua personalidade nesta interpretação. A partir disso, o psicólogo que aplicou o teste tem a possibilidade de reconstruir o que levou a pessoa a dar tais respostas.
A hipótese projetiva, na qual se baseia o Teste de Rorschach, tem fundamento no conceito freudiano da projeção: um mecanismo de defesa em que o indivíduo atribui inconscientemente características negativas da própria personalidade. Além disso, na projeção generalizada ou assimilativa há a tendência de determinadas características da personalidade, necessidades e experiências de vida influenciarem o indivíduo na interpretação de estímulos ambíguos.”
“As principais vantagens dos testes projetivos em relação aos estruturados, de acordo com seus defensores, são: enganar os mecanismos de defesa do indivíduo e permitir ao intérprete (psicólogo que interpreta os resultados) ter acesso a conteúdos não acessíveis à consciência de quem está sendo testado.
Nos Estados Unidos, o Teste de Rorschach é utilizado quase que exclusivamente por psicólogos, já no Brasil o teste é de uso exclusivo de profissionais da psicologia. Ele é aplicado por psicólogos forenses em 36% dos casos. Além de seu uso para fins de criminologia, o Teste é empregado em alguns casos de guarda familiar, clínicas de psicologia e em escolas.”
Há algumas controvérsias a respeito do Teste de Rorschach
“Até que houvesse um sistema que unificasse a interpretação dos resultados obtidos no exame, o Teste de Rorschach recebeu muitas críticas pela sua falta de padronização. Mesmo com evoluções neste sentido, o exame está longe de ser aceito por todos os pesquisadores.
Alguns autores apontam que o exame em si não é capaz de identificar a maior parte dos transtornos mentais da maneira como eles são definidos nos sistemas atuais. Apesar do Teste ser reconhecido em diversas áreas de pesquisa e como complementação ao diagnóstico de esquizofrenia ou desordens do pensamento, muitos cientistas não recomendam sua aplicação como método de diagnóstico psiquiátrico e em contexto forense.
Outra controvérsia diz respeito à divulgação do Teste, principalmente das imagens utilizadas, da forma de aplicação e interpretação. Muitos psicólogos acreditam que o simples conhecimento destas informações por parte da pessoa a ser testada já interfere na confiabilidade do teste, pois o paciente poderia simular suas interpretações, direcionando para um diagnóstico equivocado.”
Desde 2022 o teste Rorschach é apresentado como desfavorável no site do Satepsi Leia aqui
O que significa um teste desfavorável?
Testes Psicológicos Desfavoráveis: são aqueles avaliados pelo CFP, mas que não atenderam os requisitos mínimos obrigatórios e/ou não apresentaram novos estudos de normatização e/ou validade no prazo estipulado pela Resolução CFP nº 31/2022 . É considerada falta ética o uso de testes desfavoráveis na atividade profissional do psicólogo. Tenho o compromisso ético de reforçar que as avaliações em que utilizaram o teste citado, foram realizadas antes dessa data que marca o desfavorecimento.
Mas Afinal, então a Suzane é ou não psicopata?
Após muitas leituras e pesquisas sobre o caso Richthofen a conclusão que mais me passa confiabilidade é do Dr. Guido Arturo Palomba, uma das maiores autoridades da psiquiatria forense. Ele afirma que a Suzane é uma fronteiriça.
Na psicologia, o termo “fronteiriço” pode se referir aos limites emocionais, físicos e mentais, ou ao transtorno de personalidade borderline.
Ele explica “Há a noite e há o dia, e há o entre os dois que é a aurora”. “Na psiquiatria há a loucura e a normalidade e há o entre as duas, que é denominada de fronteiriça.”
- Desprezo das obrigações sociais
- Falta de empatia para com os outros
- Baixa tolerância à frustação
- Baixo limiar de descarga da agressividade, inclusive da violência
- Tendência a culpar os outros
Uma outra característica de pessoas com transtorno de personalidade fronteiriça é de ter datas importantes como marcos para atos de grande repercussão, este caso foi marcado pelo aniversário da própria Suzane. É como se fosse um presente a si mesma, demostrando a característica marcante de egocentrada, comum em pessoas que vivem na zona fronteiriça. Este crime foi marcado por uma indiferença afetiva absurda, o que choca bastante a população no geral e coloca o tema de volta na mídia com frequência.
Suzane atualmente cumpre pena em regime aberto desde janeiro de 2023, reside em Bragança Paulista, no interior de São Paulo, com o marido, o médico Felipe Zecchini Muniz, e o filho.