Por trás de um scroll despretensioso, esconde-se um universo de pressões emocionais que moldam o comportamento, o corpo e o desejo. As redes sociais, que nasceram como ferramentas de conexão, transformaram-se em vitrines idealizadas de vidas perfeitas — e, cada vez mais, vêm cobrando um preço alto da saúde mental.
Ao navegar por feeds repletos de conquistas, corpos padronizados, viagens e relacionamentos aparentemente ideais, cresce o sentimento de inadequação. O que está por trás desse brilho constante é, quase sempre, uma realidade editada, moldada para o engajamento, e não para a verdade.
A psicóloga Keith de Amaral, especialista em saúde mental e comportamento, aponta que:
“Quando o feed se torna o único lugar onde se ‘vive’, é sinal de que algo está muito errado fora dele.”
O conteúdo publicado nas redes, de acordo com o estudo de Abjaude et al. (2020), tem influência direta sobre transtornos como ansiedade, depressão, transtornos alimentares e baixa autoestima. A lógica do “like” — um reforço instantâneo de validação — promove um ciclo de dependência emocional, ao mesmo tempo em que encoraja comparações irreais e reforça padrões inalcançáveis de beleza, sucesso e felicidade.
Essa realidade se agrava em contextos de desigualdade social. Para muitos, a internet é a única fonte de lazer acessível. No entanto, ela se torna também o espaço onde o consumo de experiências alheias, inacessíveis, alimenta frustrações profundas.
Sobre isso, Keith de Amaral também observa que:
“É uma vitrine que exibe o que não se pode ter.”
Ela destaca que a exclusão nas redes sociais é sutil, mas impactante — uma espécie de sofrimento silencioso que se disfarça de entretenimento.
Estudos como o Panorama da Saúde Mental no Brasil (Instituto Cactus, 2024) mostram que mais da metade da população apresenta sintomas relacionados à ansiedade, e os dados sugerem que o uso intenso de redes sociais é um fator contribuinte. A constante exposição a tragédias, violência e discursos polarizados também colabora para o aumento da sensação de impotência e desregulação emocional.
Mas há caminhos possíveis para romper esse ciclo. A psicoterapia se apresenta como uma das principais ferramentas de reconstrução e manutenção da saúde emocional. No processo terapêutico, é possível elaborar sentimentos, desenvolver consciência crítica sobre o consumo de conteúdo digital e resgatar a autoestima perdida entre comparações e cobranças.
E, para Keith de Amaral, esse cuidado é mais do que necessário:
“Cuidar da mente é também um ato de resistência.”
Equipe Rede Psicoterapia em:
O Especialista Responde – Saúde Mental em Pauta
Especialista: Keith de Amaral / CRP: 12/25503