Dependência emocional: raízes profundas no desenvolvimento, caminhos de liberdade quando tratada
A dependência emocional é um padrão de comportamento marcado por uma necessidade excessiva de afeto, aprovação e atenção do outro, muitas vezes acompanhada por medo intenso de abandono ou rejeição. Pessoas que vivenciam esse tipo de relação tendem a anular seus desejos, opiniões e identidade em nome do vínculo, mesmo quando ele se mostra tóxico ou desigual.
Embora a dependência emocional se manifeste geralmente na vida adulta, suas raízes costumam estar em experiências familiares precoces. O ambiente em que crescemos exerce forte influência sobre como aprendemos a nos relacionar, a nos sentir seguros e a construir nossa autoestima. Crianças que cresceram em contextos de negligência emocional, instabilidade afetiva ou com cuidadores excessivamente controladores ou ausentes podem internalizar a ideia de que o amor precisa ser conquistado a qualquer custo. Isso molda padrões de apego disfuncionais.
A teoria do apego, desenvolvida por John Bowlby (1969) e ampliada por Mary Ainsworth (1978), ajuda a compreender essas dinâmicas. Segundo seus estudos, a forma como o vínculo com figuras parentais foi construído na infância repercute diretamente nas relações afetivas futuras. Um apego inseguro pode levar à busca constante por validação externa, gerando relações de codependência emocional.
Além disso, um estudo publicado no Journal of Social and Personal Relationships (2020) mostrou que pessoas com altos níveis de dependência emocional têm maior tendência a permanecer em relacionamentos abusivos, por medo de solidão e por acreditarem que não são dignas de amor sem sofrimento. Isso demonstra que a dependência emocional não é uma “fraqueza de caráter”, mas um padrão aprendido, muitas vezes como resposta a feridas emocionais antigas.
Nesse contexto, o acompanhamento psicológico é uma ferramenta essencial para a libertação desses ciclos. A psicoterapia oferece um espaço seguro onde é possível reconstruir a percepção de si, fortalecer a autoestima e ressignificar vínculos. Através da escuta qualificada e de abordagens terapêuticas como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), a Terapia do Esquema, a Terapia Focada em Esquemas de Apego ou outras abordagens da psicologia, é possível identificar os gatilhos emocionais e trabalhar novas formas de se relacionar consigo e com o outro. Agendar terapia com a especialista Mayara Oliveira
Como afirma a psicóloga clínica Susan Johnson (2004), criadora da Terapia Focada nas Emoções, “não somos seres feitos para viver sozinhos, mas sim para nos conectar de forma segura”. O desafio da psicoterapia é exatamente esse: reconstruir formas saudáveis de amar, onde o afeto não seja prisão, mas parceria.
Superar a dependência emocional exige coragem, tempo e apoio. Mas é um processo possível — e transformador. E começa, muitas vezes, no simples ato de buscar ajuda.