O filme Ainda Estou Aqui , estrelado por Fernanda Torres, é um retrato sensível e poderoso da força feminina em meio às adversidades da história e da vida familiar. A atuação de Fernanda Torres, que rendeu o Globo de Ouro , não apenas reafirma seu talento inquestionável, mas também simboliza o avanço e o reconhecimento das mulheres no cinema e em diversas esferas de trabalho.
Nesta análise, destacamos três eixos importantes do filme: a trajetória profissional das mulheres, o impacto de Eunice na vida de seus filhos e a perspectiva feminina da ditadura militar no Brasil.
1. Fernanda Torres: Uma Carreira de Destaque no Avanço Feminino
Fernanda Torres é um ícone do cinema e da dramaturgia brasileira. Sua conquista do Globo de Ouro por Ainda Estou Aqui não é apenas um marco pessoal, mas também uma vitória para as mulheres na indústria cinematográfica. Historicamente dominado por homens, o cinema vem, aos poucos, abrindo mais espaço para vozes femininas, e Fernanda é um exemplo inspirador de como mulheres podem se destacar em papéis complexos e desafiadores.
No filme, Fernanda encarna com a maestria Eunice, uma mulher que enfrenta as dores e desafios de sua vida com resiliência, coragem e amor. Sua atuação nos lembra que as histórias femininas são ricas e multifacetadas, capazes de emocionar e provocar reflexões profundas.
Além disso, o reconhecimento internacional de Fernanda Torres reflete o avanço das mulheres em diferentes áreas, quebrando barreiras e desafiando normas ultrapassadas, que persistem em manter mulheres em lugares menores ou menos importantes na perspectiva profissional.
2. Eunice: A Força Materna que Molda Trajetórias
Eunice, personagem central de Ainda Estou Aqui , é o coração da narrativa. Uma mãe que, mesmo em meio às dificuldades impostas por um contexto social e político opressor, nunca abandona seus valores e o desejo de garantir um futuro melhor para os filhos. A relação de Eunice com sua família destaca o papel fundamental que as mulheres desempenham como pilares emocionais e motores de transformação dentro do núcleo familiar.
O filme nos mostra como as escolhas e sacrifícios de Eunice moldaram a trajetória de seus filhos, proporcionando-lhes oportunidades e perspectivas que, de outra forma, talvez fossem inalcançáveis. Esse retrato é um reflexo de muitas mulheres brasileiras que, apesar de adversidades históricas, econômicas e sociais, lutam para garantir o melhor para suas famílias. Confira aqui o número de mulheres que chefiam famílias no Brasil
3. A Perspectiva Feminina na Ditadura Militar Brasileira
Outro aspecto poderoso de Ainda Estou Aqui é a forma como aborda a ditadura militar no Brasil (1964-1985) sob uma ótica feminina. A ditadura foi um período marcado por censura, repressão e violência, mas o impacto desse regime sobre as mulheres muitas vezes não recebeu a devida atenção.
No filme, Eunice é uma testemunha e vítima das opressões desse período, mas também uma figura de resistência. Sua trajetória representa a luta de inúmeras mulheres que, mesmo em um contexto de silenciamento, encontraram maneiras de proteger seus lares, expressar suas vozes e lutar por justiça.
A perspectiva feminina da ditadura nos lembra que, enquanto muitos homens eram perseguidos, presos ou mortos, as mulheres frequentemente assumiam papéis cruciais, como sustentar suas famílias e redesenhar o contexto familiar anterior ao período. Essas mulheres resistiam silenciosamente (em muitos casos) ao regime e preservavam a memória de quem foi silenciado. Essa abordagem é fundamental para compreendermos uma história de forma mais ampla e inclusiva.
Uma Homenagem à Força Feminina: Eunice, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro
Ainda estou aqui é muito mais do que um filme. É uma avanço da força, resiliência e impacto das mulheres na sociedade. Fernanda Torres entrega uma atuação inesquecível, ao mesmo tempo que nos convida a uma reflexão sobre temas atemporais: o papel das mulheres e das mães na formação das gerações futuras, a importância do reconhecimento feminino no trabalho e o peso das adversidades enfrentadas por mulheres em períodos históricos difíceis.
Eunice não é apenas uma personagem; ela é um símbolo das tantas mulheres que moldaram a história brasileira, muitas vezes invisibilizadas, mas sempre essenciais. O filme nos lembra que essas histórias merecem ser contadas e celebradas, e que o avanço feminino não deve ser apenas reconhecido, mas amplificado. Eunice e Fernandas (mãe e filha) se misturam a várias mulheres, para contar a história a partir da própria fala, da arte e das experiências de vida.